A Doença de Alzheimer é reconhecida pelas Nações Unidas como Doença Crónica Não-Transmissível, celebrando-se hoje o dia mundial para a sua consciencialização. Representa a forma mais comum de demência, constituindo cerca de 60-70% de todos os casos. Trata-se de uma doença neurodegenerativa e progressiva, provocando a longo prazo uma deterioração global e irreversível das diferentes funções cognitivas. A progressão da doença é tipicamente acompanhada por alterações no comportamento e personalidade, aliadas a uma perda progressiva de autonomia funcional, dificultando a realização das atividades de vida diária. Por este motivo, a Doença de Alzheimer é atualmente considerada uma doença do agregado familiar, e não apenas da pessoa, com impacto sobretudo no principal prestador/a de cuidados.
Embora já existam fármacos modificadores de doença aprovados nos EUA e, mais recentemente, no Reino Unido, o mesmo não se verifica nos restantes países europeus, pelo que a abordagem terapêutica atual se foca no controlo dos sintomas e no recurso a intervenções não-farmacológicas, como é o caso da estimulação cognitiva, terapia ocupacional, terapias sensoriais, entre outras.
De acordo com os últimos dados publicados pela Lancet Commission em 2024, estima-se que em 2050 cerca de 153 milhões de pessoas viverão com demência em todo o mundo. Portugal figura como um dos países europeus com maior prevalência de Doença de Alzheimer (~200000 pessoas), associada sobretudo ao envelhecimento populacional, aumento da esperança média de vida e baixa literacia. Torna-se, por este motivo, de especial importância o foco na prevenção e intervenção.
Cerca de 45% dos casos de demência são potencialmente preveníveis atuando sobre os 14 fatores de risco atualmente conhecidos: baixa escolaridade, lesão cerebral, sedentarismo, tabagismo, consumo excessivo de álcool, hipertensão, obesidade, diabetes, baixa acuidade auditiva, depressão, isolamento social, poluição atmosférica e, mais recentemente, dislipidemia e baixa acuidade visual.
Sabendo que parte do contributo para um diagnóstico de demência é potencialmente modificável, é responsabilidade de todos nós pôr em prática as recomendações internacionais, assim como promover a literacia em saúde.
Texto elaborado por Marisa Lima, Neuropsicóloga.